terça-feira, 5 de maio de 2009

Sermões não proferidos

O amor é uno. O amor é imutável.
Pois o amor ama ser puro.
Nada há de eterno a não ser aquilo que ama e pode ser amado, e o amor é uma eterna escalada em busca da consumação, quando assim será o universo, imperecível, divino.
Portanto, tudo o que não é belo no amado, tudo o que atrapalha e não é da natureza de Deus deve ser destruído.
Pois não pode haver nenhuma unidade, nenhum prazer de amar, nenhuma harmonia, nenhuma vantagem em existir, onde existe apenas um indivíduo. Dois no mínimo são necessários para a unificação.
E quanto maior o número de indivíduos, tanto maior, mais bela, mais rica e mais divina é a possibilidade de unidade.
Deus é vida e fonte de vida. No contínuo fluir dessa vida, eu o conheço.
Quando me dizem que Ele é amor, vejo que, se Ele não fosse amor, Ele não poderia existir, não poderia criar. Não conheço nada Nele mais profundo que o amor, nem creio que haja Nele algo mais profundo que o amor - melhor, que possa existir algo mais profundo que o amor.
O ser de Deus é amor, portanto, criação.
Imagino que desde toda a eternidade Ele vem criando.
Ele mesmo nunca ficou só.
Desde toda a eternidade o Pai tem o Filho, e a nunca-iniciada existência daquele Filho eu a imagino como um fluir fácil da natureza do Pai. Ao passo que a criação de outros seres - iguais a nós - eu imagino ser esse o trabalho de Deus, um trabalho eterno...
George MacDonald

Nenhum comentário: